A cafeteria do hospital parecia viver em outro fuso horário. O relógio acima da máquina de café marcava 9h23, mas dentro de mim os dias pareciam se misturar. Perdi a conta de quantas vezes havia entrado ali naquela semana, sempre entre um exame e outro, entre uma crise de ansiedade e um sorriso de Giulia que me mantinha de pé.
Pedi um cappuccino e uma torrada com queijo, embora nem tivesse certeza de que conseguiria comer. Peguei a bandeja e me sentei em uma mesa de canto, longe do entra e sai dos médicos e familiares. Tirei o celular do bolso e encarei a tela. A foto de fundo era de Giulia com uma coroa de flores que ela mesma fez no jardim, sorrindo enquanto corria atrás de uma borboleta.
Suspirei.
Desbloqueei o celular.
Rolei os contatos.
“Mamãe”.
Parei ali. O polegar pairando sobre o botão de chamada. Eu queria ouvir sua voz. Queria contar como tudo estava tão... pesado. Mas a verdade era que eu não sabia por onde começar. Como explicar o cansaço que não era só físico? Como dizer