O som da chuva ainda batia nas janelas quando cheguei à cobertura. A casa estava estranhamente silenciosa.
Chamei por Lourdes, mas logo me lembrei de que era o dia de folga dela. Tirei os sapatos no hall e subi as escadas devagar, sentindo o ar pesado de um fim de tarde frio. Foi quando notei a porta do escritório entreaberta e a luz acesa.
Dei dois passos hesitantes e o vi ali — caído no chão, encostado à mesa, com algumas garrafas abertas ao redor. O coração disparou.
— Rodolfo! — corri até ele, me ajoelhando ao seu lado. Toquei seu ombro, sacudi devagar. — Rodolfo, acorda, por favor.
Ele abriu os olhos devagar, confuso, e por um instante achei que não me reconheceria. Mas então seu olhar encontrou o meu e algo dentro de mim pareceu parar.
— Serena… — a voz dele saiu rouca, arranhada. — Você voltou.
— Eu acabei de chegar. — murmurei, aliviada por vê-lo acordar. — Você bebeu, não foi?
— Um pouco — admitiu, olhando as garrafas. — Foi um dia… pesado.
Eu me sentei ao lado dele, o ajudan