Acordei com o som da chuva ainda batendo na janela, mais fraca, quase um sussurro. Por um momento, demorei a entender onde estava. O quarto era grande, aconchegante, e a luz suave do abajur ainda acesa deixava tudo envolto por um tom amarelado.
Me mexi devagar, e então o vi.
Rodolfo dormia ao lado de Clara, o braço sobre o corpo pequeno da filha. Os dois respiravam em sincronia, e a cena era de uma ternura quase dolorida. Por um instante, fiquei ali, observando em silêncio. O rosto dele parecia diferente enquanto dormia — menos severo, menos cansado. Havia uma paz rara, dessas que a gente só encontra quando o mundo finalmente silencia.
Não sei por quanto tempo fiquei parada, apenas olhando, com medo de que qualquer movimento quebrasse aquele instante. Mas o relógio marcava quase nove da noite, e eu sabia que precisava descer.
Levantei devagar, tomando cuidado para não fazer barulho. Clara se mexeu, murmurando algo, mas logo voltou a se encolher nos braços do pai. Sorri sozinha, pegand