O despertador tocou antes mesmo que eu pudesse sonhar.
Sete e meia da manhã e o sol de São Paulo já estava decidido a derreter qualquer resquício de dignidade que eu tivesse. Abri os olhos e por um momento precisei lembrar onde estava. O teto branco, as caixas ainda espalhadas pelo chão e o som dos carros lá fora me responderam: estava em casa. No meu novo lar.
Meu primeiro dia na faculdade de gastronomia.
Respirei fundo e me sentei na cama. O coração batia rápido, uma mistura de nervosismo e empolgação. Lavei o rosto, amarrei o cabelo num coque frouxo e encarei o reflexo no espelho.
— É hoje, Serena. O começo do sonho — murmurei para mim mesma, tentando parecer confiante.
O caminho até a universidade foi um teste de paciência. O metrô lotado, o trânsito que parecia uma obra de arte caótica e a multidão de pessoas apressadas me lembraram que São Paulo era uma cidade que respirava no modo 2x.
Quando finalmente cheguei ao portão principal, parei por alguns segundos apenas para admirar o