O relógio na parede fazia um tic-tac suave, quase hipnótico, enquanto eu me ajeitava no sofá do consultório. O ambiente era acolhedor: cortinas claras filtravam a luz do fim da manhã, havia uma estante repleta de livros e algumas plantas que pareciam respirar por si mesmas. Era engraçado… já tinha passado tantas horas nesse hospital desde o acidente, mas estar aqui, nessa sala, tinha um peso diferente. Aqui eu não precisava ser forte para Serena, nem me segurar para não transparecer o medo diante de Noah ou dos meus pais. Aqui eu só precisava ser… eu.
— Como você está se sentindo hoje, Giulia? — a voz calma da psicóloga, doutora Helena, me tirou do torpor. Ela se sentou na poltrona à minha frente, pernas cruzadas, um bloco de anotações equilibrado no colo.
Soltei um riso nervoso.
— Acho que essa é a pergunta mais difícil de todas.
Ela sorriu de volta, compreensiva.
— E ainda assim é a mais importante.
Apoiei os cotovelos nos joelhos, segurando as mãos como se isso fosse me dar firmeza