Eles insistiram em vir. Disseram que seria só por uma noite, para ajudar na transição, para “facilitar a recuperação da Giulia”. Como se eu fosse um estorvo. Como se a presença deles fosse cura.
A casa parecia menor com eles dentro. Dona Marta já estava na cozinha antes mesmo de eu terminar de tirar os sapatos, abrindo armários como quem revira segredos antigos.
— Onde estão os panos de prato? Esses aqui estão manchados.
Isabella, que estava cortando cenoura em rodelas perfeitas, respondeu com calma:
— Os limpos estão na gaveta de baixo. Esses são os que usamos pra secar as mãos.
— Ah. — Marta pegou um deles com dois dedos, como se estivesse recolhendo uma camisa no chão de um quarto de adolescente. — Elena tinha panos de linho. Brancos. Bordados à mão.
Não respondi. Só fui até a sala, onde o senhor Roberto andava devagar, como se estivesse examinando um museu. Parou na estante. Eu sabia onde os olhos dele iam parar.
A moldura virada.
Ele não perguntou. Não precisava. Eu vi quando ele