Ainda sinto o aperto no peito quando lembro do barulho dos pneus cantando no asfalto. Fecho os olhos e vejo de novo o carro surgindo rápido demais, o vento cortando e Serena tão perto daquele perigo que, se não fosse Noah me puxando com força, eu não sei o que teria acontecido. Ainda tremo quando penso.
De volta ao apartamento, a sala parece cheia demais. Isa caminha de um lado para o outro, Miguel fala baixo ao telefone, provavelmente passando informações para alguém da empresa de segurança, e Michela — que ainda tenta se ambientar nesse turbilhão — está sentada no sofá com Serena no colo, distraindo-a com uma música suave, como se a vida ainda fosse simples.
Eu me sento ao lado dela, forçando um sorriso para não preocupar minha filha.
— Ela gosta quando alguém canta, — digo, ajeitando uma mecha de cabelo da pequena atrás da orelha.
— Ela é um anjo, Giulia. — Michela sorri, mas percebo que seus olhos também estão vermelhos. O susto não foi só meu.
Miguel encerra a ligação e se aproxi