Voltar ali depois de tantos anos me causava um aperto estranho no peito. O hospital parecia igual — mesmo prédio de vidros altos, o jardim com a escultura em forma de estrela, o cheiro de desinfetante misturado ao de eucalipto. Mas alguma coisa dentro de mim era diferente. Talvez porque, pela primeira vez, eu estava entrando como adulta. Como alguém que sobreviveu.
— Parece menor do que eu lembrava — comentei, meio rindo, tentando ignorar a pontada de emoção que me atravessava.
— Talvez seja porque você cresceu — Isa respondeu, apertando minha mão com carinho.
Entramos juntas pelas portas de vidro, e logo meu corpo reagiu ao ambiente como se reconhecesse tudo. O som dos monitores, os passos apressados dos profissionais de branco, o barulho ritmado de cadeiras de rodas e macações pelos corredores. Era como voltar ao início de tudo — mas com outros olhos.
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