Ela saiu do hospital com o cabelo preso de forma descuidada, os olhos atentos ao chão e a bolsa atravessada no corpo. Caminhava devagar, como quem se despedia de um lugar que era mais que concreto e paredes — e eu sabia que era mesmo.
Meu coração batia tão forte que achei que as flores na minha mão tremessem por isso. Estava suando, mesmo com o fim da tarde trazendo um vento mais fresco. Minhas pernas queriam correr até ela, mas eu estava preso ali, esperando. Esperando que ela me visse.
E então ela viu.
Os olhos de Giulia encontraram os meus, e o tempo pareceu recuar como num filme antigo, onde tudo ganha outra cor. Ela parou de andar. Literalmente parou. Seu olhar correu das flores para o meu rosto, e de volta para as flores. A boca entreaberta, como se quisesse dizer algo, mas sem conseguir.
— Oi — eu disse, quase sem ar.
Ela piscou, como se precisasse confirmar que era real.