A gravata preta estava torta. Eu sabia, porque já tinha tentado refazê-la três vezes e continuava parecendo um nó mal feito. Suspirei, encarando meu reflexo no espelho do quarto. O terno sob medida caía perfeitamente, como tudo que minha mãe escolhia para mim desde que eu era criança. Eu parecia um Calahan — impecável, elegante… e sufocado.
Quando estiquei o braço para pegar o relógio de pulso sobre a cômoda, um leve bater à porta me fez congelar.
— Entre. — Minha voz saiu mais baixa do que eu pretendia.
Meu pai surgiu com a postura impecável de sempre, as mãos entrelaçadas atrás das costas e o blazer tão perfeitamente alinhado quanto o meu. Seus olhos percorreram o quarto, como se inspecionassem cada detalhe, antes de pousar em mim.
— Vejo que já está quase pronto — comentou, com um leve tom de aprovação.
— Sim, senhor. — Ajustei a gravata pela quarta vez, tentando disfarçar o nervosismo.
Ele se aproximou, parando a poucos passos de mim, e estendeu uma das mãos.
— Deixe-me ajudar. Es