O cheiro esterilizado do hospital sempre me dava uma pontada no estômago. Não era exatamente medo, mas uma memória física que meu corpo parecia guardar, mesmo anos depois de vencer o câncer. Existe um tipo de medo depois de passar por algo como essa doença que nunca vai embora. Ele fica guardado lá no fundo apenas adormecido.
Esperando o momento em que ele pode voltar e dessa vez te consumir por inteiro.
Porque ninguém pode te dar essa garantia, de que em algum momento ele não voltará.
Aperto a bolsa contra o peito e sigo pelo corredor branco até o setor de hematologia, respirando fundo. O som do salto baixo das minhas botas ecoa pelo piso enquanto tento me convencer de que é só mais uma rotina, só mais uma consulta.
— Bom dia, Giulia Benites? — a recepcionista me chama com um sorriso gentil. — Pode me entregar o cartão do NHS?
Entrego, tentando sorrir de volta.
— Bom dia… É só um check-up.
Ela digita algo no computador e me devolve o cartão.
— O Dr. Edwards vai chamá-la em alguns min