Londres cheirava a chuva e folhas secas. O som dos carros passando apressados nas poças ecoava pela rua, e eu caminhava sem pressa, o guarda-chuva equilibrado sobre o ombro. A mochila pesava nas costas, cheia de livros de anatomia e cadernos que eu provavelmente não abriria hoje.
Eu passava em frente a uma pequena galeria de arte e, por um instante, parei. As pinturas na vitrine eram todas modernas, cheias de cores vivas e traços expressivos. Elas pareciam tão… livres. Diferentes da vida meticulosamente planejada que eu levava desde que entrei na faculdade de medicina—desde que nasci, na verdade.
Suspirei e continuei andando até a cafeteria no final da rua. Era meu refúgio, o único lugar onde eu podia ser só Noah e não “o filho dos Drs. Harper”, herdeiro do hospital da família.
O sino da porta soou quando entrei, e o cheiro de café fresco e canela me envolveu. Sacudi o guarda-chuva, fechei-o e caminhei até minha mesa preferida, no canto junto à janela. Pedi um cappuccino duplo e abri