O banheiro do meu quarto no hotel era um cubículo sujo de azulejos rachados, espelho embaçado. Mas assim que o som das motos voltaram a ecoar com força à nossa volta, como um anúncio de que estávamos cercadas, aquele foi o único lugar que encontramos para nos refugiar. Sara e eu nos encolhíamos no chão frio, costas contra a porta, joelhos dobrados, mãos entrelaçadas.
Não demorou para que os sons de rosnados se misturassem a risadas, eu quase podia imaginar o bando de lobisomens cercando o prédio, derrubando as portas dos outros apartamentos enquanto gritava que iriam me encontrar, chegando mais perto de nós a cada instante.
Mas então algo mudou, os rosnados se multiplicaram e um som inconfundível de batalha me alcançou. Kaian já teria chegado? Os sons pareciam vir do fundo da terra, uivos que gelavam meu sangue e faziam Sara estremecer ao meu lado, ainda mais assustada do que eu.
Já tinha escutado brigas entre lobos antes, mas nada como naquele momento. Nunca tantos de uma vez. Era co