Narrado por Gregório
O caminho de volta foi feito em silêncio.
Não aquele silêncio desconfortável de quem se odeia.
Mas o silêncio cheio de pensamentos, perguntas sem resposta e batimentos descompassados.
Ela estava no banco do passageiro, com o rosto voltado pra janela, os cabelos soltos e bagunçados, como se o vento ainda brincasse neles. Desde o beijo, Maísa mal olhou pra mim. E eu respeitei isso. Porque, mesmo sem palavras, eu vi no olhar dela o mesmo susto que senti dentro de mim.
Não era pra ter acontecido.
Mas aconteceu.
E agora estava grudado em mim como um pecado mal resolvido.
Marco dirigia em silêncio. Os outros dois seguranças vinham atrás, em outro carro. Estávamos a uns quarenta minutos da mansão. E a estrada era reta, longa… como se nos empurrasse direto pro que viria depois.
Minha cabeça estava uma bagunça.
Não por causa da logística. Eu sou bom nisso. Eu mando, eu mato, eu protejo.
Mas essa mulher do meu lado…
ela mexeu em algo que eu nem sabia que ainda