A porta de vidro fumê da presidência foi aberta com um estalo seco.
— MAS QUE PALHAÇADA É ESSA? — a voz do velho Etienne Trovato ecoou como um trovão dentro da sala. Ryan, ainda com a gravata frouxa no pescoço e a respiração ofegante, arregalou os olhos ao ver o avô parado na porta, com o olhar em brasa. Marilyn, a secretária atrevida, ajeitou a saia e se levantou num pulo, tentando cobrir o decote e o rímel borrado ao mesmo tempo. Etienne apontou para ela com o dedo firme: — Você está demitida. Ela hesitou, piscando com arrogância: — Me desculpe, senhor, mas o meu patrão não é o senhor. Ryan tentou conter o estrago: — Vovô, ela só estava— — Cala a boca, Ryan. — o velho ergueu o tom. — Você perdeu a moral no momento em que abriu a calça dentro da presidência! Ele voltou os olhos para Marilyn, cortante: — E você, além de desrespeitosa, é insubordinada. A partir de agora, você não pisa mais neste andar. Marilyn cruzou os braços. — Eu exijo que meu chefe fale isso, porque ele— — O dono da empresa sou eu. — Etienne a interrompeu, firme. — E ainda tenho autoridade para caçar a chave da sua sala e assinar sua dispensa. O RH vai providenciar sua saída antes do almoço. Vá se vestir decentemente e desapareça. — Saia daqui. — A voz de Ettiene não era alta, mas carregava a autoridade de uma dinastia inteira. A moça se ergueu rapidamente, ajustando a saia e os botões da blusa com as mãos trêmulas. — Mas senhor, eu… — Saia. Agora. E considere-se demitida. — Ettiene cortou sem paciência. Ryan observou a cena com uma sobrancelha arqueada, divertido. — Vovô, com todo respeito… Ela saiu, lançando um olhar venenoso para Ryan, que apenas se virou, furioso, para o avô. — Isso foi desnecessário. Você me expôs na frente dela. — Você se expôs. — retrucou Etienne. — Aqui é uma multinacional, não um motel de quinta categoria. O som agudo do salto fino da secretária ecoava pelo corredor luxuoso do 21º andar da Trovato Enterprises quando Ettiene empurrou a porta do escritório de forma brusca. A cena diante dele foi vergonhosa. Ryan, seu neto, o herdeiro de seu império, estava recostado na poltrona de couro com a camisa semiaberta e a secretária de joelhos entre suas pernas. — Cala a boca, Ryan. — O velho se aproximou da mesa e se colocou entre o neto e a vista panorâmica da cidade. — Esse tipo de comportamento é vergonhoso. E se você acha que o nome Trovato está à venda por um par de pernas e um sorriso pintado, está enganado. — Eu sou o CEO. O que faço fora do expediente não diz respeito... — Isso aqui é dentro do expediente! Dentro do meu império! — Ettiene esmurrou a mesa. — Como CEO, você é excelente. Mas como homem... você está se tornando o que seu pai foi. E eu não vou permitir isso. Ryan levantou devagar, ajeitando os botões da camisa. Seu semblante, antes debochado, tornava-se mais tenso. — E o que você pretende fazer? Me destituir? — Não preciso. Eu sou o dono majoritário. Se quiser, vendo minhas ações, deixo você com os seus 10% e você passa a ser apenas um nome nos relatórios anuais. Ou você assume a empresa como um homem decente e honra esse nome. A escolha é sua. Ryan cruzou os braços, o maxilar travado. O orgulho e a raiva ardiam em sua pele. Mas ele conhecia o avô. Ettiene Trovato não blefava. — O que você quer? O velho recostou-se na cadeira, cruzando os dedos sobre a barriga. Seu olhar era calculista, frio, mas também cansado. — Um contrato. Um ano. Você vai se comportar como um Trovato. Nada de escândalos, nada de funcionárias, nada de festas que manchem a nossa reputação. E, acima de tudo, você vai se casar. Ryan riu. Um riso sem humor, cortante. — Casar? Agora você enlouqueceu. — Não enlouqueci. Já escolhi a noiva. Amanhã você vai conhecê-la. Ela tem valores, tem nome, tem preparo. Você precisa de raízes, não de aventuras. — E se eu me recusar? Ettiene se inclinou para frente, os olhos faiscando. — Se você se recusar, você perde tudo. E vai trabalhar com o seu pai, aquele libertino aposentado que ainda tenta parecer jovem para as amantes. Sua mãe morreu de desgosto por causa disso. E eu não vou assistir você repetindo os mesmos erros. O neto não respondeu. O silêncio se arrastou entre os dois como uma sombra densa. Por fim, Ryan soltou um suspiro e se sentou de volta na poltrona. — Um ano. Eu aceito o contrato. Mas a noiva... eu preciso conhecê-la. — Você vai. Amanhã. Prepare-se. E esteja de terno. — Agora escute bem, Ryan. — A voz de Ettiene estava grave, implacável. — Eu não estou apenas colocando você contra a parede. Estou salvando o legado da nossa família, a imagem da empresa e, acima de tudo, o homem que você ainda pode se tornar. Ryan ergueu o queixo com arrogância. — Vai me obrigar a casar, é isso? Vai escolher uma noiva pra mim como se eu fosse um cavalo de leilão? — Não seja idiota. — Ettiene se levantou da poltrona com firmeza. — Você vai sim se casar. E sim, eu escolhi a candidata. Mas não é uma empresária. E não é alguém que você vai poder manipular. E digo mais: esse contrato vai ter cláusulas muito bem definidas. Ryan franziu a testa. — Que cláusulas? — Primeiro: você terá que ser fiel durante um ano. — O quê?! — Ouviu bem. Um ano de fidelidade. Nada de amantes, nada de escândalos. Se eu ler o seu nome em um tabloide associado a outra mulher que não seja sua esposa, todas as ações da empresa que estão no seu nome serão transferidas para ela. Sem discussão. Está no contrato. Já mandei o jurídico preparar. Ryan deu um passo para trás, como se tivesse levado um tapa. — Mas isso é ridículo! Eu nunca fui celibatário! Nunca prometi exclusividade nem pras que moravam comigo! — Pois vai aprender agora. E mais: ela também terá o direito de exigir o que quiser. — Como assim? — Do jeito que ouviu. Se ela quiser que você durma em quartos separados, você vai aceitar. Se ela quiser tempo para conhecer você antes de qualquer intimidade, você vai respeitar. Porque ela será oficialmente sua esposa — no papel, no contrato e na imagem pública. — E quem garante que ela não vai me sabotar? — Eu garanto. E se ela fizer, você continua tendo sua parte. Mas se você pisar fora da linha, nem só sua reputação vai pra lama — seu nome será retirado da presidência e ela assume como representante legal do grupo. — Então o senhor vai me fazer casar com uma empresária, é isso? Ettiene soltou um riso sem humor. — Não. Você vai ter uma surpresa. Não se trata de uma empresária. Ela não tem interesse em dinheiro. Mas tem algo que você nunca teve em mente: dignidade. E isso vale mais do que qualquer MBA. — E como eu vou me manter fiel por um ano? — Ryan ergueu os braços em desespero teatral. — Nunca fui assim! — Vai ter que aprender. Você tem trinta e quatro anos, Ryan. Trinta e quatro! E se comporta como um adolescente mimado e inconsequente. Você acha bonito ser conhecido como o libertino da elite? Você acha que isso impressiona alguém de verdade? — Vovô… — Calado! Você vai fazer exames amanhã. Exames completos. Quero garantias de que não tem nenhuma doença que possa colocar em risco a saúde da mulher que vai dividir a vida com você. Porque, sinceramente, depois do que vi hoje, nem mesmo uma acompanhante de luxo deveria se deitar com você. Ryan fechou a cara. — Eu sou seu neto! — E por isso ainda estou tentando salvar você de si mesmo. Mas não se engane. Eu sou antes de tudo o homem que fundou esse império. E se for preciso cortar o mal pela raiz, eu corto. — O senhor está exagerando… — Não. Eu estou sendo mais que generoso. Essa secretária, por exemplo? Já está demitida. Quando sair daqui, vou ao RH pessoalmente e proibo a entrada dela neste prédio. E se você insistir em mantê-la, arrume outro emprego. Porque nesta empresa, não se transa em expediente. — Isso é abuso de poder! — Isso é liderança, Ryan. Algo que você nunca entendeu. Agora, saia do meu escritório. E prepare-se: amanhã sua noiva chega. E você vai ter que assinar o contrato com todos os termos — diante de mim, do jurídico e dela. — A voz de Ettiene estava grave, implacável. — Eu não estou apenas colocando você contra a parede. Estou salvando o legado da nossa família, a imagem da empresa e, acima de tudo, o homem que você ainda pode se tornar. Ryan ergueu o queixo com arrogância. — Vai me obrigar a casar, é isso? Vai escolher uma noiva pra mim como se eu fosse um cavalo de leilão? — Não seja idiota. — Ettiene se levantou da poltrona com firmeza. — Você vai sim se casar. E sim, eu escolhi a candidata. Mas não é uma empresária. E não é alguém que você vai poder manipular. E digo mais: esse contrato vai ter cláusulas muito bem definidas. Ryan franziu a testa. — Que cláusulas? — Primeiro: você terá que ser fiel durante um ano. — O quê?! — Ouviu bem. Um ano de fidelidade. Nada de amantes, nada de escândalos. Se eu ler o seu nome em um tabloide associado a outra mulher que não seja sua esposa, todas as ações da empresa que estão no seu nome serão transferidas para ela. Sem discussão. Está no contrato. Já mandei o jurídico preparar. Ryan deu um passo para trás, como se tivesse levado um tapa. — Mas isso é ridículo! Eu nunca fui celibatário! Nunca prometi exclusividade nem pras que moravam comigo! — Pois vai aprender agora. E mais: ela também terá o direito de exigir o que quiser. — Como assim? — Do jeito que ouviu. Se ela quiser que você durma em quartos separados, você vai aceitar. Se ela quiser tempo para conhecer você antes de qualquer intimidade, você vai respeitar. Porque ela será oficialmente sua esposa — no papel, no contrato e na imagem pública. — E quem garante que ela não vai me sabotar? — Eu garanto. E se ela fizer, você continua tendo sua parte. Mas se você pisar fora da linha, nem só sua reputação vai pra lama — seu nome será retirado da presidência e ela assume como representante legal do grupo. — Então o senhor vai me fazer casar com uma empresária, é isso? Ettiene soltou um riso sem humor. — Não. Você vai ter uma surpresa. Não se trata de uma empresária. Ela não tem interesse em dinheiro. Mas tem algo que você nunca teve em mente: dignidade. E isso vale mais do que qualquer MBA. — E como eu vou me manter fiel por um ano? — Ryan ergueu os braços em desespero teatral. — Nunca fui assim! — Vai ter que aprender. Você tem trinta e quatro anos, Ryan. Trinta e quatro! E se comporta como um adolescente mimado e inconsequente. Você acha bonito ser conhecido como o libertino da elite? Você acha que isso impressiona alguém de verdade? — Vovô… — Calado! Você vai fazer exames amanhã. Exames completos. Quero garantias de que não tem nenhuma doença que possa colocar em risco a saúde da mulher que vai dividir a vida com você. Porque, sinceramente, depois do que vi hoje, nem mesmo uma acompanhante de luxo deveria se deitar com você. Ryan fechou a cara. — Eu sou seu neto! — E por isso ainda estou tentando salvar você de si mesmo. Mas não se engane. Eu sou antes de tudo o homem que fundou esse império. E se for preciso cortar o mal pela raiz, eu corto. — O senhor está exagerando… — Não. Eu estou sendo mais que generoso. Essa secretária, por exemplo? Já está demitida. Quando sair daqui, vou ao RH pessoalmente e proibirei a entrada dela neste prédio. E se você insistir em mantê-la, arrume outro emprego. Porque nesta empresa, não se transa em expediente. — Isso é abuso de poder! — Isso é liderança, Ryan. Algo que você nunca entendeu. Agora, saia do meu escritório. E prepare-se: amanhã sua noiva chega. E você vai ter que assinar o contrato com todos os termos — diante de mim, do jurídico e dela. — Boa tarde, meu neto. — disse com frieza, sentando-se novamente na poltrona de couro. — A partir de amanhã, ou você se torna homem… ou deixa de ser herdeiro.