A Vergonha de Ryan Etienne Trovato deixou o setor financeiro ainda com o peso do encontro com Aimee em sua mente. Aquela menina, filha da dedicada Mercedes, tinha algo diferente. Havia nela uma força que lhe lembrava os dias em que ele próprio ainda acreditava em destino. Ele segurou a bengala com mais firmeza, não porque precisasse dela para andar, mas porque gostava de sentir o símbolo da autoridade em suas mãos. O velho patriarca ainda estava longe de ser um homem vencido pelo tempo. — Essa jovem vai mudar muita coisa por aqui… — murmurou, antes de entrar no elevador. O destino, porém, o conduzia para uma cena que abalaria não só a sua paciência, mas a própria imagem da família Trovato. Quando chegou ao andar da diretoria executiva, o ambiente tinha aquele silêncio solene que ele sempre cultivou: corredores de mármore polido, quadros imponentes nas paredes, o brasão da família entalhado no vidro da recepção. A secretária se levantou apressada ao vê-lo, quase tropeçando nos salto

O avô entra no momento exatoA porta de vidro fumê da presidência foi aberta com um estalo seco.— MAS QUE PALHAÇADA É ESSA? — a voz do velho Etienne Trovato ecoou como um trovão dentro da sala.Ryan, ainda com a gravata frouxa no pescoço e a respiração ofegante, arregalou os olhos ao ver o avô parado na porta, com o olhar em brasa. Marilyn, a secretária atrevida, ajeitou a saia e se levantou num pulo, tentando cobrir o decote e o rímel borrado ao mesmo tempo.Etienne apontou para ela com o dedo firme:— Você está demitida.Ela hesitou, piscando com arrogância:— Me desculpe, senhor, mas o meu patrão não é o senhor.Ryan tentou conter o estrago:— Vovô, ela só estava—— Cala a boca, Ryan. — o velho ergueu o tom. — Você perdeu a moral no momento em que abriu a calça dentro da presidência!Ele voltou os olhos para Marilyn, cortante:— E você, além de desrespeitosa, é insubordina

— E tem mais uma coisa, Ryan — disse o avô com voz firme, ao se levantar e ajeitar o paletó. — A partir de amanhã, a sua nova secretária será escolhida por mim.Ryan arregalou os olhos e soltou uma risada sarcástica, cruzando os braços.— Agora o senhor tá querendo brincar comigo, né? Vai me colocar uma velha no meu pé só pra me punir?O avô manteve o olhar firme, sem esboçar humor.— Não, meu neto. A sua nova secretária será... a sua futura esposa.O silêncio cortou o ar como uma lâmina. Ryan perdeu o sorriso imediatamente.— O quê? — balbuciou, empalidecendo.— Exatamente o que ouviu. A partir de amanhã, você terá que conviver com ela todos os dias. E mais: você vai se casar. E não será com uma empresária velha e cheia de frescuras, como você tem. Vai ser uma surpresa. Uma mulher de verdade, que merece respeito. E você vai ter que se comportar como um homem decente. Chega dessa vida de libertino.— Vovô, isso

“A Primeira Ferida no Ego de Ryan Trovatto”Sala de reunião da presidência, Holding Trovatto – ManhattanRyan ficou olhando para a porta mesmo depois que ela saiu. O ar-condicionado estava em vinte e um graus, mas algo queimava dentro dele. Ainda de pé, com a mão afrouxando o botão da camisa de linho caro, seus olhos continuavam fixos como se ela ainda estivesse ali.— Quem diabos essa garota pensa que é...?Ele bufou. Deu um passo até a janela, cruzando os braços.— Me chamar de "riquinho mimado"? Ela tá delirando. Uma faxineira metida a esperta, gorda, com óculos que parecem um fundo de garrafa... Aposto que não enxerga nem um metro sem aquilo. E vem com aquele ar de "sou melhor que isso", como se... como se fosse alguma coisa...Mas quanto mais ele tentava menosprezá-la, mais se lembrava do tom de voz firme, da maneira como ela ousou dizer que ainda ia pensar se aceitava ou não o contrato.— Qual mulher no planeta rec

Sozinho no Escritório – Os Pensamentos de RyanO silêncio no escritório era quase reconfortante. Etienne já havia saído há tempos, deixando apenas o contrato assinado por Aimée sobre a mesa de Ryan, acompanhado de uma caneta preta com detalhes dourados. Ryan girava lentamente a caneta entre os dedos, observando a assinatura curvilínea no papel.Seus olhos azuis estavam semicerrados. O contrato ainda não tinha sua rubrica.— Amanhã... amanhã tudo muda.Ele se recostou na cadeira giratória de couro, soltando um suspiro cansado, puxando o contrato para mais perto.— Não tem mais volta agora. Aimée assinou. E eu... eu vou ter que cumprir a minha parte. Maldição.Olhou para o relógio de pulso. Ainda era cedo. Pensou em sair mais cedo do trabalho. Precisava comprar o maldito anel.— Um anel para uma mulher que eu nem conheço direito... Uma gorda que meu avô enfiou na minha vida...Seus dedos bateram de leve sobre a me