Robert chegou pontualmente ao consultório do terapeuta na cidade vizinha. Não usava o terno de prefeito, nem a pose imponente. Estava de jeans escuros, camisa social dobrada nos cotovelos e olhos marcados pela angústia. Quando o terapeuta o recebeu e pediu que se sentasse, ele respirou fundo.
— Eu sei que demorei demais para procurar ajuda. Mas se eu não fizer isso agora, eu vou destruir a única coisa boa que ainda tenho — começou, com a voz embargada. — A minha esposa... a Mary Lou. Eu não quero repetir o que eu fiz com a Elise. Eu não quero repetir o que eu vi meu pai fazer com a minha mãe.O terapeuta permaneceu em silêncio por alguns segundos, observando-o com atenção antes de anotar algo em seu caderno.— Fale sobre sua infância, Robert. Sobre o que você viu, o que aprendeu. Você já deu um passo importante ao reconhecer que precisa mudar.Robert olhou para as mãos sobre o colo e começou:— O meu pai era o rei daquela casa. Não no bom