Paul
Já do lado de fora da delegacia, o ar parecia mais leve. Não que o peso da situação tivesse se dissipado completamente — não era assim que as cicatrizes desapareciam —, mas havia algo naquela tarde que anunciava mudança. Justiça. Dignidade restaurada.
Virei-me para os pais da Elise, que ainda estavam junto aos meus advogados, com a pasta de documentos nas mãos. A mãe dela secava as lágrimas com um lenço bordado. O pai estava em silêncio, firme, mas o olhar denunciava a gratidão.
— Senhor e senhora Grimaldi — comecei, me aproximando deles com calma —, antes de ir, quero agradecer pela coragem de virem até aqui. E dizer que não foi apenas uma defesa da Elise. Foi um marco. Ela agora tem voz. E tem respaldo.
O pai dela segurou minha mão com força.
— Não somos nós quem devemos agradecer, Paul. É você. Você salvou a nossa filha. De um destino que poderia tê-la matado. Você… a viu, quando ninguém mais viu.