Os avós estavam boquiabertos. O avô segurava firme a mão de Elise, como se o toque pudesse apagar as feridas do corpo e da alma.
— Mas... minha filha... como isso começou? — perguntou ele, a voz baixa, quase temerosa pela resposta.Elise fungou e apertou os olhos antes de responder.— Desde que nós nos casamos, vovô. Ele fazia isso. Só que eu... eu escondia. Eu maquiava os hematomas, usava mangas longas no calor. Fingir virou minha segunda pele. Mas hoje... — a voz falhou, e ela levou a mão trêmula ao corte na testa — hoje eu descobri que ele e a Mary Lou... eles são amantes. E eu confrontei ele.O avô se enrijeceu.— A filha do presidente da Câmara?— Essa mesma — ela confirmou. — Eu disse pra ele que ia me separar, que não aguentava mais. Nós mal temos um ano de casados. E ele sempre foi assim. Controlador, agressivo, violento. Mas hoje ele passou todos os limites.— E o que ele disse? — perguntou a avó, aflita.