ALEXIA DINIZ
O carro deslizou pelas ruas iluminadas de Milão, e o silêncio dentro dele era quase ensurdecedor. Aquele motor luxuoso, um suave ronronar abafado pela blindagem, parecia a única coisa viva no pequeno universo de couro e luxo. Eu estava encolhida no meu assento, a aliança de diamante pesando no meu dedo como um segredo radioativo. O metal frio era um lembrete constante da cena que acabávamos de encenar. Um farol de rua capturou o brilho da pedra, e parecia que o diamante estava me zombando, cintilando em triunfo. Matteo estava ao meu lado, com as mãos firmes e tensas no volante, o perfil sério, esculpido pela luz das ruas, perdido em seus próprios pensamentos impenetráveis.
A viagem até o apartamento foi uma eternidade suspensa. Cada minuto era uma gota de ácido corrosivo sobre a farsa que havíamos elevado a um novo patamar naquela noite. Nenhuma palavra foi dita; a tensão entre nós era um terceiro passageiro, sufocante e mudo. Eu podia sentir o cheiro forte e distinto