ALEXIA DINIZ
Eu cruzei os braços, protegendo meu corpo da investida de suas palavras. E, por um segundo, a imagem do beijo retornou à minha mente. O beijo, na frente de todos, com a força de um furacão e a doçura de uma promessa, não pareceu artificial. Pelo menos não para mim.
— E o beijo? — perguntei, quase um sussurro, minha voz falhando. A vulnerabilidade era um traidor em minha garganta.
Ele me olhou novamente, seus olhos avaliadores, varrendo meu rosto como se estivesse lendo uma partitura. Eu senti que ele estava tentando decifrar o quanto daquele beijo havia me afetado.
— O beijo foi parte do show também. Tínhamos que ser convincentes. Tivemos um jantar de alto perfil, um pedido público. O beijo era a cereja do bolo, a prova irrefutável da paixão. — Mas havia uma hesitação em sua voz, um microssegundo de dúvida antes da resposta firme, que eu captei. Uma pausa que me fez questionar se eu estava imaginando a rachadura na fachada ou se ela realmente existia. Ele parecia