Alberto
O sol escorria pelas nuvens como fios de ouro naquela manhã calma, e o céu limpo pintava São Paulo com uma cor quase irreal. Alberto dirigia com uma mão no volante e a outra repousando suavemente sobre a coxa de Samanta. O caminho era tranquilo, mas dentro dele, os pensamentos fervilhavam como caldeirão em ebulição.
Ela sorria. A cada esquina, apontava algo, fazia uma observação espirituosa, ou simplesmente ria de um pensamento qualquer que surgia. Sam era assim. Capaz de clarear até mesmo os recantos mais sombrios da mente dele. E por isso, ele a amava de um jeito que doía.
— A primeira casa é no Jardim Europa — disse ele, reduzindo a velocidade ao entrar na alameda arborizada. — Fica próxima ao Parque do Povo. Você vai amar o jardim.
Samanta segurou a respiração quando o portão de ferro se abriu e revelou a fachada branca e clássica da casa. As janelas amplas pareciam sorrir para ela. O jardim era dividido em dois níveis, com hortênsias e azaleias florescendo em abundância.