Stella Willians
A presença de Irina no hospital tinha gosto de veneno revestido de mel.
Tudo nela me irritava. Desde a maneira como se portava, como uma esposa dedicada, até aquele olhar aflito em seu rosto. Me questionava como conseguia ser tão fingida. Queria que pudesse estar apenas eu aqui acompanhando meu pai, mas sabia que não podia impedi-la de permanecer.
— Onde ele está? — perguntou, quase sem fôlego devido ao choro teatral. — Eu... eu quero vê-lo.
Arqueei as sobrancelhas, observando sua pressa e fiz um gesto curto com a cabeça, indicando as portas duplas da ala hospitalar.
— Ele está lá, a porta ao final do corredor.
Ela caminhou sem esperar por mim. Abriu as porta devagar, e eu fui atrás, mas fiquei no corredor enquanto ela entrava como se esperasse encontrar um corpo coberto por um lençol branco. Fiquei olhando pela parte de vidro da porta, quando os olhos dela finalmente encontraram meu pai, entubado, com os braços cobertos de fios, senti a rigidez em sua postura va