Capítulo 32

Quando os passos do pai desapareceram no corredor, o silêncio voltou a ocupar os espaços. Aquele silêncio elegante, treinado, que parecia respirar junto com a casa.

A escola suspendera as aulas para uma reunião pedagógica. Livre de compromissos, Bianca decidira permanecer na mansão. Helena sugerira que ela fosse para a casa da babá, mas Bianca recusara com a calma habitual. Preferia ficar ali, onde o tempo tinha disciplina e até o silêncio parecia ter voz.

Cada corredor guardava uma promessa de ordem; cada instante seguia uma regra invisível. Até o tédio ali era educado. E no fim de semana, de qualquer modo, estaria com Lúcia.

Lincoln recolheu o caderno, ajeitou a cadeira de volta ao lugar e sorriu brevemente para Helena.

— Obrigado pela ajuda, mãe. Não quero incomodar, só fazer parte de algo.

— Ninguém faz parte de nada aqui, meu querido — disse ela com suavidade, e o sorriso se desfez como um lenço em água. — Apenas ocupamos espaços, até que alguém precise deles.

Bianca não entendeu
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