Quando os passos do pai desapareceram no corredor, o silêncio voltou a ocupar os espaços. Aquele silêncio elegante, treinado, que parecia respirar junto com a casa.
A escola suspendera as aulas para uma reunião pedagógica. Livre de compromissos, Bianca decidira permanecer na mansão. Helena sugerira que ela fosse para a casa da babá, mas Bianca recusara com a calma habitual. Preferia ficar ali, onde o tempo tinha disciplina e até o silêncio parecia ter voz.
Cada corredor guardava uma promessa de ordem; cada instante seguia uma regra invisível. Até o tédio ali era educado. E no fim de semana, de qualquer modo, estaria com Lúcia.
Lincoln recolheu o caderno, ajeitou a cadeira de volta ao lugar e sorriu brevemente para Helena.
— Obrigado pela ajuda, mãe. Não quero incomodar, só fazer parte de algo.
— Ninguém faz parte de nada aqui, meu querido — disse ela com suavidade, e o sorriso se desfez como um lenço em água. — Apenas ocupamos espaços, até que alguém precise deles.
Bianca não entendeu