A presença de Alberto na casa já era, por si só, motivo de inquietação. Mas havia nele, naquela tarde, algo diferente: uma solenidade dura, quase um veredito. Bianca, ainda atordoada pela conversa que acabara de ter com o pai, mantinha-se sentada na beira da cadeira, as mãos trêmulas no colo.
Alberto ergueu-se devagar, ajeitou o nó da gravata com gesto preciso e lançou-lhe um olhar que não admitia hesitação.
— Está decidido. Você vai morar na mansão da sua tia Helena.
O coração de Bianca disparou. Virou-se de imediato para Lúcia, como se buscasse nela uma salvação, um sinal de que tudo aquilo não passava de mal-entendido.
— Mas… e Lúcia? — a voz falhou. — Ela vai comigo, não vai?
Alberto respondeu sem demora, frio como mármore:
— Não.
O silêncio caiu pesado. Bianca sentiu as pernas fraquejarem. Mas foi Lúcia quem primeiro reagiu: levou a mão ao peito como se tivesse levado um golpe e demorou alguns segundos para encontrar voz.
— Senhor Alberto… a menina precisa de mim.
Ele voltou-se p