(POV Selene)
A floresta inteira parecia ouvir meu uivo.
As árvores se curvavam, os corvos fugiam em bandos, o chão vibrava como se meu grito fosse terremoto. O ar cheirava a ferro quente, pólvora e medo. Mas o medo não era só dos caçadores.
Era meu também.
O selo brilhava tanto que minha pele parecia derreter em prata. Cada batida do coração era um trovão dentro do peito, ecoando até os ossos. Eu sentia tudo: o sangue derramado, a respiração de Dorian, o rugido de Ronan, a sombra de Caelan se movendo. Eles não eram mais apenas eles. Eles estavam dentro de mim.
E, acima de tudo, eu sentia ele.
O homem no alto. Elias. Agora sei seu nome.
O olhar dele cravado no meu corpo, frio, certeiro, como lâmina de aço.
Os caçadores gritavam de novo, mas o som parecia distante. O coro deles — “A Lua deve sangrar” — já não soava como voz humana, mas como um feitiço martelando minha cabeça. O selo respondeu com ainda mais fúria.
— Selene! — ouvi Ronan rosnar, já metade fera, metade homem. O corpo dele