(POV Selene)
A noite passou, mas não foi embora.
O sol até se ergueu, tímido, tingindo o céu de laranja e ouro, mas dentro de mim só havia escuridão. Cada vez que fechava os olhos, via os lobos caindo, sentia o sangue quente respingando na minha pele, ouvia o grito rouco que não parecia meu — mas foi.
Meu corpo tremeu de novo só de lembrar. O selo no pulso vibrou como se risse, latejando uma chama que não queria apagar.
Dorian estava perto, sempre perto. Ele não dormiu. Nem por um segundo. Eu podia sentir o peso da vigília dele queimando na sala como uma fogueira. A cada respiração minha, os olhos dele me acompanhavam. Quase uma prisão. Quase um porto seguro.
Ronan limpava a lâmina no canto, movimentos ritmados como batimentos cardíacos. Não disse nada desde que voltamos, mas o silêncio dele é tão alto quanto qualquer grito. Cada vez que a pedra arranhava o fio da lâmina, eu sentia como se arranhasse minha pele também.
E Caelan…
O sorriso preguiçoso não saiu do rosto dele. Estava deit