Henrique acordou aflito. Sabia que se tratava de Maurício, mas ainda não queria falar com ele. A raiva já havia passado, mas o orgulho ferido ainda cicatrizava.
Tentou ocupar a mente: treinou, revisou processos, mas ao anoitecer a angústia só piorou. Não conseguia comer, andava de um lado para o outro, e mesmo tentando se distrair, não focava em nada. O relógio da sala marcava cada segundo como um martelo em sua cabeça.
Resolveu sair para correr. Correu até o corpo cansar e a cabeça, por alguns minutos, pensar menos. Aquele a princípio era o único objetivo. A noite estava quente, o ar pesado grudava na pele, e o som ritmado dos tênis no asfalto era a única coisa que o mantinha ancorado.
De volta em casa, tomou banho e pensou em preparar algo. Já era tarde, mas ainda dava para improvisar alguma refeição. Foi então que a angústia voltou, mais forte. A vontade de chorar o pegou de surpresa. De repente, uma urgência o dominou: precisava ver o irmão. As lágrimas vieram sem controle, junto