Depois da briga, Maurício não queria que Clara o visse com o olho roxo. Não queria ver nos olhos dela aquele misto de preocupação e julgamento que o fazia sentir-se menor. Sorte sua que já tinha a desculpa perfeita: Estava com uma viagem marcada para a capital, onde participaria de um treinamento com o GOE de Portugal. Seriam dez dias afastado, tempo suficiente para deixar o hematoma desaparecer.
Pelo telefone, falou por cima do que havia acontecido com Henrique. Disse apenas que discutiram, que o clima não estava bom. Omitiu todo o resto. Clara não insistiu muito. No fundo, estava aliviada por saber que o encontro tinha terminado em discussão, pois pensava que quanto mais cedo discutissem, mais cedo fariam as pazes.
Ela por outro lado, estava empolgada com uma nova oportunidade no trabalho. Seria responsável por recepcionar um cliente norte-americano, dono de um conglomerado que estava em processo de fusão com uma empresa brasileira atendida por Joyce. A tarefa parecia simples: rec