A cabeça de Maurício andava cheia nas últimas semanas. O divórcio, a morte do pai, e agora Henrique... O que mais o angustiava era ver o irmão mudo, trancado dentro de si. Uma bomba-relógio. Maurício era o mais velho, treze minutos e dezessete segundos mais velho, e os mais velhos protegem os caçulas. Sempre sentiu que Henrique carregava demais. Sentia demais, guardava demais. E agora, tinha medo de que ele estivesse prestes a se romper. Um medo que conhecia bem.
Ele já caminhara por aquela beira de abismo. Anos atrás, depois de perder um colega durante uma operação policial — uma bala que era pra ele, mas atingiu o amigo — sua vida virou um espiral. Só voltou a si com ajuda: medicação, terapia… e o apoio de Henrique. O “gêmeo menor”, como dizia a avó. Henrique tinha sido seu alicerce. Ele sentia o reflexo dos sentimentos do irmão, os mesmos que ele tinha naquela época. Agora era sua vez de segurar as pontas pra ele.
Mandou uma mensagem curta:
“Tô chegando.”
Nem cogitou que Henr