Enquanto se servia de café, Clara pensou pela primeira vez, em dias, que talvez tivesse sorte. Não por ter tudo o que queria, pois não tinha. Nem por ser uma pessoa feliz, pois não se sentia assim, mas porque era a primeira vez que não sofria sozinha. A amizade com Tatiane era muito importante para ela. E sabia que coisas assim valem muito mais do que ter aquilo que a gente quer, porque isso é ter exatamente o que a gente precisa.
Tati ainda se preocupava com a amiga, mas já percebia o progresso em seu estado de espírito.
— Dormiu melhor essa noite? — perguntou Tati, sentada à mesa, os cotovelos apoiados e os olhos atentos à amiga.
Clara deu de ombros, tentando esboçar um sorriso que não chegava aos olhos.
— Melhor que anteontem… O que já é um avanço.
Tati não disse nada, apenas assentiu, respeitando o tempo de Clara. Desde o término com Henrique, ela parecia se arrastar entre os dias, mas a cada dia sofria um pouco menos do que no anterior. O silêncio voltou, dessa vez mais