O caminho até a ala antiga não era longo, mas parecia crescer a cada passo. Não por distância — por densidade. Era como se o ar ficasse mais pesado conforme avançavam, como se a casa acumulasse lembranças naquela direção e agora resistisse a entregá-las com facilidade.
Helena caminhava na frente, lamparina em uma mão e a outra livre, pronta para puxar Lyria para trás se alguma coisa escapasse da sombra. Kael seguia ao lado, mais silencioso do que o normal, como se cada degrau tocasse uma parte profunda de sua cicatriz. Erynn vinha atrás com o cajado, murmurando trechos curtos de antigas vigílias como se as palavras fossem um tipo de proteção.
Lyria ia no meio, segurando a concha e o disco embrulhado no pano grosso. Ela não parecia com medo. Parecia… guiada. O olhar dourado não se desviava, como se visse marcas invisíveis no ar.
— A casa está abrindo caminho — ela sussurrou.
Helena sentiu o arrepio nos braços.
E era verdade.
Algumas portas que costumavam emperrar estavam leves. As dob