O ar mudou antes de qualquer sombra aparecer.
Não foi vento.
Não foi frio.
Foi deslocamento — como se alguém tivesse tirado uma manta invisível de cima do vale.
Helena sentiu primeiro.
A runa subiu pela pele do braço como brasas vivas.
— Kael! — chamou, já correndo para o pátio.
Kael saiu pela porta quase ao mesmo tempo, a cicatriz ardendo num tom que ele não sentia desde a guerra antiga.
Lyria veio atrás deles, segurando a concha vazia como se fosse escudo.
— O rio… — Helena apontou. — Ele não está mais só seco.
Porque agora, do fundo dele, subia fumaça.
Fina, negra, como se a terra estivesse queimando por baixo.
Sigrid e Ronan chegaram pela lateral, armas em mãos.
— Isso é fogo? — Ronan perguntou.
Helena negou.
— Não. É sombra tentando virar forma.
A fumaça se contorcia no fundo seco, levantando como serpentes escuras que não encontravam corpo.
Porém, aos poucos, iam ganhando altura, puxadas por algo invisível.
Lyria deu um passo à frente.
— Ele achou outro caminho.
— Para entr