Início / Lobisomem / A LUNA DO ALFA SEM VOZ / ✦ CAPÍTULO 66 QUANDO O RIO COMEÇOU A FALAR SEM ÁGUA
✦ CAPÍTULO 66 QUANDO O RIO COMEÇOU A FALAR SEM ÁGUA

À noite, o rio parecia uma ferida aberta no vale.

Sem água, sem brilho, sem correnteza — só um corte escuro atravessando a paisagem.

O Norte inteiro sentia falta do som do rio.

Sem ele, a madrugada ficou oca.

Cada passo, cada respiração tinha eco demais.

Helena não conseguia dormir.

Andava pela casa como quem vigia o próprio peito, cada sombra parecendo um aviso.

Foi na terceira volta pelo corredor que ela sentiu.

Um som.

Baixo.

Vindo debaixo da terra.

Ela parou.

O som repetiu.

Não era água voltando.

Não era vento.

Não era animal.

Era… um sussurro.

Profundo, como se viesse de dentro da pedra.

Helena correu até o quarto de Lyria.

A menina estava sentada na cama, acordada, a concha apertada entre os dedos.

— Mãe… — murmurou. — O rio está falando.

— Sem água?

— É isso que assusta.

Kael entrou pela porta segundos depois, já vestido, alerta.

Lyria olhou para ele, os olhos dourados vibrando.

— Pai… tu vais entender primeiro.

Kael aproximou-se.

O som veio de novo.

Rrrrr…krrrr…rrr…

Não
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