O amanhecer trouxe um som que o Norte não ouvia há gerações.
Não era o rugido de um lobo, nem o eco das montanhas.
Era o choro de um recém-nascido.
As aldeias acordaram com o som correndo pelos vales, levando consigo uma ternura que assustava tanto quanto encantava.
O vento, curioso, espalhou a notícia antes que qualquer mensageiro pudesse partir:
“Uma criança nasceu do gelo.”
No alto da fortaleza, Erynn abriu os olhos antes mesmo do chamado.
O cajado vibrou, as runas brilhando em tom dourado.
Ela sabia.
O ciclo não esperara.
O Norte, como todo coração impaciente, já batia de novo.
Ronan entrou ofegante.
— Os lobos uivam desde o nascer da lua. Os homens dizem que o som vem do santuário.
Erynn se levantou devagar, o olhar distante.
— Não é som de guerra. É de renascimento.
— Renascimento? — ele riu, descrente. — Depois de tudo o que vimos?
— É assim que o Norte cura as feridas: sangrando luz.
No vale do Santuário, o gelo se abrira em uma pequena clareira.
Kael estava ajoelhado, o corpo