O vento mudou de direção na madrugada.
Não trazia mais o cheiro de pinho e sal, mas o de terra molhada — cheiro de vida.
Os lobos, que dormiam em silêncio ao redor do Santuário da Geada, ergueram a cabeça ao mesmo tempo, como se atendessem a um chamado antigo.
Erynn foi a primeira a sentir.
Acordou antes do amanhecer, o cajado vibrando leve contra o chão.
As runas na madeira se acenderam sozinhas — pequenas, como vaga-lumes.
Ela soube sem ver: o gelo estava sonhando alto demais.
Saiu para fora, o frio mordendo o rosto.
O vale ainda dormia, mas o ar… o ar estava diferente.
O silêncio não era mais pesado.
Era expectante.
O Santuário brilhava em tons de prata e ouro, as cores alternando em ritmo compassado, como dois pulmões respirando juntos.
O gelo parecia líquido.
Erynn se aproximou, ajoelhando-se.
— Estão voltando… — murmurou, com os olhos marejados.
Ronan apareceu logo atrás, a capa coberta de geada.
— O quê?
— Eles. — A anciã sorriu. — O Norte está acordando com eles.
Dentro do san