Kael sentiu antes de ver.
O silêncio dentro dele — aquele que sempre fora muralha — contraiu-se de forma estranha, como se alguém tivesse tocado seu limite interno sem atravessar. Não dor. Não lembrança direta. Algo mais traiçoeiro.
Desconfiança.
Ele estava no pátio, afiando uma lâmina que não usava há meses, quando a sensação veio. A lâmina escorregou um pouco, cortando de leve o dedo. O sangue brotou rápido.
Kael encarou o vermelho contra a pele.
O silêncio dele oscilou.
Não fraqueza.
Interferência.
Ele fechou a mão, sentindo o pulso acelerar.
— Ele mudou de estratégia — murmurou, para ninguém em especial.
Ronan, que treinava perto da muralha, olhou para ele.
— O quê?
Kael levantou o rosto.
— Não está tentando entrar.
Pausou. — Está tentando separar.
Ronan franziu o cenho.
— Separar quem?
Kael não respondeu.
Não precisava.
Helena encontrou Kael no meio do pátio minutos depois, o olhar dele tenso.
— Ele falou comigo — ela disse, sem rodeios.
Kael congelou por um segundo.
— Como?
— Pe