O amanhecer não trouxe alívio.
A luz surgiu tímida, quase pedindo permissão para entrar no vale. As sombras da noite ainda estavam ali, presas aos cantos, às frestas, aos lugares onde o medo costuma se esconder depois de falhar.
Helena acordou antes de todos.
Não por barulho — mas por ausência dele.
A casa respirava, sim, mas com cuidado. Como alguém que acorda depois de uma febre alta e ainda testa o próprio corpo antes de confiar que está bem.
Ela levantou devagar, sem acordar Kael. Observou-o por um instante. O peito dele subia e descia num ritmo firme, mas o rosto carregava marcas de quem lutou por dentro a noite inteira.
Helena sabia: o inimigo não tinha levado nada.
Mas tinha tentado.
E tentativa também deixa rastro.
Vestiu-se em silêncio e saiu para o corredor. O chão estava frio sob os pés, mas não hostil. A casa reconhecia seus passos. Ainda assim, algo havia mudado. As paredes não murmuravam como antes. Estavam… contidas.
Como se guardassem fôlego para algo maior.
Ela encont