A noite caiu diferente.
Não foi brusca, nem pesada — foi cuidadosa. Como se o próprio céu estivesse aprendendo a se mover com menos ruído, respeitando algo frágil que se reorganizava dentro da casa.
Helena percebeu isso quando fechou a última janela.
O vento não empurrou.
Não testou.
Apenas passou.
Ela apoiou a mão na madeira e ficou ali por alguns segundos, respirando. O ataque invisível do dia não tinha deixado marcas externas, mas o corpo ainda carregava a memória dele. A mente, principalmente.
— Ele não desistiu — disse, sem se virar.
Kael estava atrás dela, encostado na parede de pedra.
— Não — respondeu. — Só recuou para medir o próximo passo.
Helena virou-se lentamente.
— Ele quer tempo.
Kael assentiu.
— E tempo é exatamente o que ele sempre usa contra quem protege.
Eles se olharam em silêncio.
Não havia acusação ali. Nem medo explícito. Apenas consciência.
Lyria dormia no quarto ao lado. Pela primeira vez em dias, um sono profundo, sem murmúrios, sem tensão no ar. Erynn havi