A Herança do CEO
A Herança do CEO
Por: LynneFigueiredo
PRÓLOGO:

Ela estava indo embora. E ele… nunca esteve tão perto de ficar.

Três da manhã.

O silêncio da casa era grosso, morno, denso como um quarto trancado demais.

A porta bateu com força quando Caio entrou.

Camisa branca aberta no peito, jaqueta de couro jogada no ombro.

Cheiro de rua, cigarro e desejo alheio grudado na pele.

Ele chutou os sapatos pelo corredor, largou as chaves no balcão da cozinha e parou.

Luz acesa na sala.

Estranhou.

Ela nunca deixava luzes acesas.

Alinna estava sentada no sofá.

Pernas cruzadas, mãos espremidas entre os joelhos.

Não chorava mais. Mas chorou tanto que parecia mais leve — não de paz, mas de esgotamento.

Ela não olhou pra ele.

— Caio… Eu sei que você não se importa. Nem comigo. Nem com a empresa. Nem com nada.

Ele parou no meio da sala.

Não respondeu.

Ela levantou o olhar, firme.

— Então escuta com atenção.

Amanhã eu vou vender minha parte da empresa.

E vou embora.

Ele soltou uma risada seca.

Aquela que disfarça o pânico atrás dos olhos.

— Vai o quê?

— Vender. Os sócios me fizeram proposta. E eu aceitei.

Ele subiu dois degraus da escada, parou e voltou.

O olhar tenso, quente, ofendido.

— Você quer me foder, é isso?

— Não.

— Eu só quero sair dessa prisão.

— Eu tô cansada, Caio.

Ela não gritava.

Ela avisava.

Sem rancor, sem drama.

Apenas fim.

— Se você vender sua parte… eles ficam com o controle.

— Sim.

— E se eles tiverem o controle… vão falir essa merda.

— Sim.

— E a gente vai passar fome!

— A gente, não.

— Eu sei me virar. Já você…

Ela o olhou como quem não vê um inimigo, mas um menino perdido.

— Você vai ficar sem nada, Caio. Sem cargo. Sem empresa. Sem ninguém.

Ele passou a mão no cabelo. Riu de novo.

Só que agora o riso veio trincado.

— Ah, não me vem com esse tom de mártir…

— Não é mártir.

— É adeus.

Ela se levantou.

Camisa de dormir azul. Corpo cansado. Alma seca.

Subiu as escadas com passos firmes.

Parou no meio e virou-se pra ele.

— A reunião é às nove. Só pra te avisar.

E minhas malas já estão prontas.

De lá… eu não volto mais.

Ela engoliu em seco.

— Adeus, Caio.

— Boa sorte.

E sumiu.

FLASHBACK…

— Você vai se casar com ele?

Ela parou.

A respiração dela ficou presa no peito.

Os olhos brilharam.

— Me solta.

— O que tá acontecendo com você?

— Nada que você precise entender. Ele virou no eixo, a segurou no rosto.

— Eu te amo. Não casa com ele.

Ela tremeu. Mas não respondeu.

— Eu te amo de verdade.

— Você não precisa dele. Eu cuido de você.

Ela fechou os olhos por um segundo.

As lágrimas desciam. Mas ela sorria.

Triste.

— Mas… eu o amo.

— E eu não tenho mais ninguém.

— Você terá a mim.

— Me escolhe. Só me escolhe.

— Desculpa.

— Você é uma oportunista. Você só quer o dinheiro dele.

Ela balançou a cabeça em negação.

— Se você quiser amor de verdade, por favor… não vá.

Ela hesitou.

— Eu… não posso.

Virou as costas.

Saiu.

E ele caiu de joelhos, as mãos no rosto, o choro engolindo tudo que ele não teve coragem de dizer antes.

O presente o engoliu de volta como uma onda gelada.

O relógio da sala marcava 3h44.

Caio andou até o bar.

Pegou a garrafa de uísque mais cara.

Encheu o copo até a borda.

Virou de uma vez só.

O líquido queimou a garganta, mas não queimou a raiva.

Ele se apoiou no balcão. Olhou o sofá vazio.

Olhou a escada.

A mala vermelha no canto da parede.

O batom dela na beirada do copo.

O cheiro dela ainda no ar.

— Até depois de morto, irmão… você quer foder minha vida?

—Você sabia? Sempre soube não é? Ou não teria deixado essa merda de testamento.

Jogou o copo longe.

O vidro estilhaçou na parede.

— Que merda.

Ele passou as mãos no rosto, respirou fundo, e olhou para cima.

Como se o teto pudesse dar uma resposta.

Como se o silêncio da casa gritasse mais alto do que ele estava pronto pra ouvir.

Subiu.

Devagar.

Cada degrau mais pesado que o anterior.

O corpo cansado, o peito apertado.

O eco dos passos dele parecia mais alto que os próprios pensamentos.

Parou diante da porta do quarto dela.

Ficou ali por segundos.

A mão na maçaneta, os dedos tremendo.

Girou.

Ela se assustou.

O lençol subiu até o peito.

Os olhos assustados, confusos.

Ela piscou como se não soubesse se estava acordada.

Ele entrou.

Estava sem camisa. O peito suado. O olhar quebrado.

— Eu vou.

Ela franziu a testa.

— Eu fico.

Ela se endireitou.

— Eu atendo ao desejo dele.

Silêncio.

Ele respirou fundo.

— Se você disser que me aceita.

Ela arregalou os olhos. Piscou, como se precisasse de tempo.

— Você sabe que esse sempre foi meu sonho.

— Mas você não me escolheu.

Ela não respondeu.

Ele não se aproximou.

Ficou ali, no limiar. Sem defesa. Sem máscara.

— Eu só quero ouvir.

— Você quer?

A pergunta ficou no ar.

Como tudo o que eles nunca disseram.

Como tudo que poderia ter sido.

Como tudo que ainda pode ser.

“Ela quer o quê? Ele quer o quê? O que está em jogo? Por que esse cara parece implorar por algo que devia odiar?”

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