Capítulo 9
O amor não nasceu no toque. Nasceu naquilo que ninguém mais via.
O sol batia suave, tingindo a estrada de terra com reflexos dourados. Caio ajeitou a mochila no ombro e seguiu ao lado de Louis, colega da escola e morador da mesma região periférica.
— É mais ali, ó. Logo depois da curva. A casa dela tem um portão baixo e uma cerca de madeira torta. Mas é bonitinha — disse o amigo, sorrindo de canto. — Alinna é... diferente. Todo mundo respeita ela por aqui.
Caio não respondeu. Os olhos estavam fixos à frente, atentos a cada detalhe da estrada de barro, dos pés de acerola vermelha, da pequena criação de galinhas soltas no quintal.
Logo viu. A casa era simples, de paredes caiadas, flores na varanda e um cheiro doce no ar — talvez manga madura, talvez bolo saindo do forno. Um cenário que não combinava com a cidade, nem com a dureza da vida. Era um pedaço de refúgio.
No quintal, debaixo do sol do meio da tarde, ela dançava.
Descalça.
A saia rodada acima dos joelhos girava como