Capítulo 5
O toque que ainda arde na pele.
A chuva batia contra a vidraça como um pedido. Como um lembrete.
Lá fora, o mundo desabava em água. Aqui dentro, ela lutava para não desabar também.
Alinna se levantou da cama devagar, o roupão de seda amarrado no corpo magro como uma segunda pele cansada.
A casa estava silenciosa, quase como se tivesse medo de respirar junto com ela.
Seguiu pelo corredor até a biblioteca, os pés descalços ecoando no piso frio.
Quando entrou, sentiu o cheiro familiar dos livros e da madeira antiga.
A luz suave da luminária acesa fazia sombras dançarem pelas prateleiras.
Ela não sabia o que procurava até ver ali, no chão, como um presságio: uma fotografia caída, gasta nos cantos.
Abaixou-se, e os dedos tremeram ao tocá-la.
Era uma foto antiga.
Os dois irmãos sorrindo.
Eduard e Caio.
Jovens. Felizes. Intactos. Antes de tudo.
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FLASH DE MEMÓRIA
— Vai, Alinna! — ele riu, encostado no muro do jardim. — Só um beijo. Você é covarde?
Ela sorriu, os olhos brilhand