CAPÍTULO 84
A Dor silenciosa com gosto de culpa. O que o coração de uma mãe não expressa.
Alinna manteve os olhos na janela. Do outro lado do vidro, a Sicília passava como um filme mudo — ruas estreitas, varais com roupas tremendo no vento, pedras antigas, cúpulas douradas pelo sol. Tudo se movia como um cenário distante, sem som, sem voz. E ela, por dentro, sentia-se assim também: muda, esvaziada.
“Sem Eduard.”
A frase dita por James, dentro das paredes frias do mausoléu, ainda soava como um golpe seco. E agora, no carro, ela retornava em eco, como se fosse a única verdade possível.
O jato havia pousado em Palermo horas antes. A escada desceu, o telefone tocou.
— James.
Do outro lado da linha, a voz firme, mas cuidadosa:
— Senhor Caio, consegui. Cemitério de Sant’Elia, no alto do promontório. Pequeno, antigo. A senhora Alinna pediu sigilo absoluto. Vai ao entardecer. Disse que não quer… ninguém.
Caio fechou os olhos. O nome Sant’Elia trouxe imagens antigas — o mar batendo no rochedo,