EULÁLIA
Nosso primeiro jantar íntimo não foi opressivo ou tenso. Por mais estranho que parecesse, permaneceu em um clima leve e até mesmo íntimo.
Vez ou outra, quando acreditei que estava imersa em meus próprios pensamentos, esquecendo-me de seu dom, o encontrava com seus olhos divertidos sobre mim.
— Tenho uma pergunta… — quis parecer o mais séria possível.
— Faça!
— Essa, por acaso, é a minha última refeição? — Ele afastou os talheres depois de largá-los, colocou as mãos sobre a margem da mesa e me encarou.
— Acredita que já terá sua morte?
— Não é esse o sentido de ter me trazido a refeição?
— Estou compartilhando-a com você. — Seu tom saiu quase amargo.
— É mais um ponto estranho. — Deixei meus talheres na mesa igualmente, dando total atenção ao homem à minha frente.
— Vou compartilhar meus pensamentos em voz alta, mesmo que o soberano não precise disso. — O vi apertar os olhos.
— De repente, enquanto espero minha sentença de morte, surge um jantar magnífico que, ao i