Mikhail Vasiliev
A casa estava silenciosa, mas a minha cabeça não.
Eu fingia calma, mas sentia o peso de cada segundo em que Alena não se aproximava de verdade. Tínhamos conversado, tínhamos aberto algumas portas um para o outro, mas eu ainda percebia aquele muro nela. Uma barreira que me dizia: “até aqui, não mais”.
E essa merda me corroía. Porque eu não sabia mais como ser alguém sem ela perto.
Me virei na cama, apoiando o braço atrás da cabeça. Ela estava deitada ao meu lado, os cabelos caídos no travesseiro, respirando fundo como se quisesse encontrar algum equilíbrio que eu não podia dar.
— Você ainda está longe de mim. — falei baixo, sem pensar.
Ela piscou, surpresa, e virou o rosto na minha direção.
— Não estou.
— Está sim. — Dei um sorriso torto, aquele que sempre uso quando quero disfarçar o que sinto, mas a voz me traiu. — Eu sinto. E a porra é que isso me deixa inseguro.
— Você inseguro? — ela perguntou e eu apenas assenti com a cabeça.
— Até alguém como eu tem insegurança