Alena Petrova

O toque dele me pegou de surpresa. As mãos firmes, quentes, segurando meu rosto como se eu fosse sumir no ar. Eu quase cedi ali mesmo, quase me joguei na segurança que os olhos dele me prometiam. Mas minha mente estava em outro lugar. No banco frio de couro. Na voz grave daquele homem. No sorriso cínico quando disse que queria a cabeça do Vasiliev.

A cabeça dele.

Meu coração disparou, não só pelo reencontro, mas pelo peso que carregava. Era como se eu estivesse escondendo um cadáver dentro do peito, e Mikhail estava perto demais, poderia sentir o cheiro a qualquer momento.

— Eu… — tentei falar, mas a voz falhou. Engoli seco, forçando um meio sorriso, tentando disfarçar o nó na garganta. — Eu só… precisava respirar um pouco.

Os olhos dele me atravessaram, desconfiados. Como se buscassem alguma verdade além das palavras. Afastei o olhar, fingindo cansaço. Se ele desconfiasse, se ele insistisse, eu ia quebrar. E eu não podia quebrar. Não agora.

As mãos dele continuava