Otávio
O som da voz de Lúcia na ligação ainda vibrava na minha mente quando larguei o telefone e me levantei de um salto da poltrona. Vesti o paletó que estava jogado sobre a cadeira, peguei as chaves do carro e saí sem dizer palavra. O aviso de Lúcia sobre a mensagem de Ítalo cortou tudo ao meio: o silêncio, a normalidade, até mesmo minha tentativa de manter tudo sob controle.
A noite já cobria a Capital com um manto de tons azulados, mas eu conhecia aquele trajeto de olhos fechados. O carro rasgava o asfalto em velocidade controlada, mas meu coração não obedecia os limites. Eu só pensava nela. No medo nos olhos de Lúcia, na tensão embutida em cada palavra dela ao telefone.
Eram três quadras de distância do meu apartamento e, mesmo assim, parecia que o tempo se distorcia, pois um trajeto de cinco minutos no máximo parecia levar horas. O guarda da portaria abriu o portão antes que eu buzinasse e acenou com a cabeça quando passei por ele.
Ao chegar, Diego estava na porta da garagem.