O eco dos passos cortava o silêncio do estacionamento subterrâneo do club. A luz artificial tremia sobre o chão úmido, e o ar carregava um frio que não vinha só da estrutura de concreto, mas de dentro. Valentina estava tão imersa nos próprios pensamentos que não notou a presença de alguém se aproximando, até ouvir uma voz firme e inesperadamente:
— Valentina?
Ela se virou bruscamente, com o coração disparado — e o ar lhe escapou dos pulmões. Ela piscou, atordoada. Não conseguiu disfarçar o impacto, os seus olhos percorreram de baixo para cima a figura a sua frente. Era uma versão hipnotizante de dama, em uma fantasia que desafiava qualquer descrição simples. O tecido negro e branco perolado moldava o corpo da outra com precisão.
Mas o que mais a fez perder o ar foram os lábios, pintados em um tom vinho, marcados contra a pele suavemente rosada. A máscara era sutil, dava aos olhos âmbar um magnetismo sedutor, que pareciam conter segredos que Valentina desejava decifrar. Era como ver a