Antes de girar a maçaneta para saírem do laboratório secreto, a Valentina estendeu o braço, bloqueando a porta. O gesto brusco foi seguido pela densidade da discrição, tão fatigante que parecia roubar o ar ao redor delas. Uma sensação estranha do que ambas queriam dizer, mas não conseguiram expressar.
A mulher virou-se devagar, os olhos marejados varrendo o ambiente. Havia uma despedida silenciosa em cada passo. Quando finalmente falou, sua voz veio num sussurro carregado de sentimentos:
— Eu vou me desfazer deste laboratório, em breve...
Alice estremeceu, como se tivesse levado um golpe invisível.
— Vai... mas por quê? — Sua voz saiu trêmula, mais um pedido do que uma pergunta.
Valentina apenas assentiu, desviando o olhar, como quem revive uma culpa antiga.
— Foi aqui... onde tudo começou a se complicar para mim. — Ela tocou uma bancada com a ponta dos dedos, com uma reverência quase sagrada. — Tentei criar algo irresistível. Algo que mudasse tudo... — Ela parou, engolindo as lágrim