Olá, leitores e leitoras!
Eu sou a Júlia, e estou me aventurando em um trabalho novo — diferente dos demais —, porém com a mesma essência de sempre: acreditando fielmente que o amor é a única fórmula capaz de transcender qualquer obstáculo, seja ele qual for.
Quero deixar claro que não sou a favor de nenhum tipo de violência retratada na escrita. Meu trabalho é narrar e tornar o mais real possível uma história contada por mim, lembrando que tudo o que for apresentado aqui é fruto da minha imaginação.
Assim como nas obras anteriores, teremos sugestões de músicas como trilha sonora do casal e outras que irão surgir ao longo da história.
Espero que estejam preparados(as) para embarcar nessa nova aventura comigo. ---"Eron Garossy"
Era antes das 8h da manhã quando Xavier subiu às pressas as escadas daquela enorme mansão localizada no oeste da Toscana. O homem subia a passos largos a extensa escadaria, com ordens que não poderiam ser ignoradas — afinal, no mundo ao qual pertencia, erros eram inadmissíveis.
Xavier ocupava uma das posições de maior prestígio na hierarquia da máfia, logo abaixo do Don. Titulado consigliere, era um amigo de confiança e conselheiro do Don, sendo o único que podia ponderar e questionar as ações do chefe.
Eron estava em seu quarto, olhando pela janela, enquanto pensava nas últimas palavras de seu pai. Ele sabia que uma missão estava por vir, mas não esperava que fosse tão cedo. O som da porta se abrindo o fez virar-se rapidamente. Era Xavier, com um olhar sério no rosto.
— O Don tem uma missão para você, Eron — disse ele, fechando a porta atrás de si.
Eron continuou em silêncio, aguardando o subchefe concluir. — Você precisa pegar uma encomenda em uma livraria da cidade. É importante que não levante suspeitas. Seja discreto.— Quando devo partir? — perguntou ele, já pensando em como se infiltraria sem chamar atenção.
— Agora mesmo. Ou melhor, partiremos juntos. O Don quer essa encomenda o mais rápido possível. Se apresse, seu pai não gosta de atrasos.
— Muito menos eu — respondeu Eron.
Ele caminhava em direção à saída quando seu celular tocou. Era uma chamada de vídeo de seu pai, salvo nos contatos como Don.
— Oi, pai.
— Eron, preciso que você vá até a livraria da cidade e encontre o Brawer. Ele entregará uma encomenda muito importante. Essa missão é crucial, por isso preciso que seja rápido e discreto. A segurança dessa entrega é fundamental.
Brawer era um capô, uma espécie de gerente que comandava atividades ilegais dentro da organização. Ele era responsável pelos resultados de suas áreas, liderando quadrilhas com centenas de homens.
— Do que se trata essa encomenda? Você sabe que não gosto de surpresas, principalmente de última hora.
— É uma boa quantia em espécie, resultado de um esquema… que não vou explicar por telefone.
— Ok! Me passe o endereço da livraria.
— Já enviei via W******p.
— Então não vou perder tempo. Estou indo — disse Eron, passando rapidamente por Xavier.
— Vai ficar aí parado? — perguntou ele, olhando por cima do ombro.
Eron entrou em sua Ferrari, acompanhado de seus seguranças, e seguiu rumo à livraria indicada pelo Don.
---"Sobre Luna"
Como todos os dias, aquele também começava da mesma forma para Luna. Ela entrou na livraria e bateu seu ponto, logo indo organizar algumas prateleiras. Enquanto limpava, pensava consigo mesma:
— Aqui estou, em mais um dia de trabalho, limpando estantes empoeiradas e colocando livros nos seus devidos lugares. Nada fora do comum.
Foi nesse momento que notou a presença de Eron, que acabara de chegar. Mais uma vez se questionou quem eram aqueles homens de terno escuro, com uma aura de poder ao redor.
Seriam autores famosos? Empresários em busca de conhecimento?
Drica, sua colega de trabalho e amiga desde o colegial, interrompeu seus pensamentos:
— Que foi, Luna?
— Nada… só achei estranho esse homem cheio de seguranças aqui. E de terno, logo cedo. Quem vem a uma livraria assim?
— Parece rico… e gótico — responderam, trocando olhares e rindo discretamente.
— Vou fazer o atendimento — disse Drica, indo na direção de Eron.
— Bem-vindo à Livraria Recanto dos Livros. Como posso ajudá-lo?
— Por enquanto, gostaria apenas de me acomodar em uma mesa — respondeu o criminoso.
— O Brawer deveria estar nos esperando! — disse Eron, impaciente.
— Deve ter ocorrido um imprevisto. Vou ligar para ele. Enquanto isso, pegue algum livro. Ninguém entra numa livraria só para tomar café — comentou Xavier.
Eron suspirou e foi até as estantes. Seus olhos percorriam os livros quando Luna, percebendo sua aproximação, se posicionou para atendê-lo.
— Olá! Sou a Luna. Em que posso ajudar?
Ele a observou com atenção.
Segurando um pano umedecido, Luna aparentava ter por volta de vinte anos. Cabelos escuros presos com alguns fios soltos. A atração foi imediata.— Estou à procura de um livro que prenda a minha atenção.
Como você prendeu a minha, pensou ele.— Qual seu gênero preferido? Assim posso sugerir algumas opções.
Luna tentava se concentrar, mas sentia o olhar dele queimando sua pele. Seu corpo se enrijeceu.
— Gostaria de ler algo sobre...
Eron hesitou, observando as capas.
— Cultura italiana — disse, por fim, com um tom suave.
Luna tirou alguns livros da prateleira.
— Posso indicar cinco obras essenciais. Começando por O Príncipe, de Nicolau Maquiavel. Apesar de antigo, continua atual. É um clássico que traz questionamentos como “os fins justificam os meios?” e “é melhor ser amado ou temido?”
Eron sorriu, intrigado pela forma como ela apresentava o livro.
— Então, é melhor ser amado ou temido?
— Sugiro que leia para obter essa resposta, senhor.
— Quero a sua opinião.
— Primeira vez que um cliente quer saber o que eu penso. Mas, segundo Maquiavel, ser temido é mais seguro que ser amado, já que os homens geralmente são ingratos, volúveis e ambiciosos.
— Como imaginei… ser temido é mais vantajoso.
— Na falta de amor, geramos medo — disse ela. — E ser temido, muitas vezes, é só o reflexo da ausência de amor dentro de si.
Eron ficou em silêncio, intrigado por sua autenticidade. Ele estava acostumado a ser bajulado, mas aquela mulher ousava expor o que pensava.
— Quero esse exemplar.
Luna sorriu, prendendo ainda mais sua atenção.
Como o livro estava em uma prateleira alta, ela subiu uma escada. Ao se esticar para alcançar o livro, perdeu o equilíbrio.Eron, que estava ao seu lado, tentou segurá-la — e conseguiu. Ela caiu direto em seus braços.
O perfume amadeirado dele agora impregnava sua pele. Ainda suspensa nos braços de Eron, ela sentia sua respiração quente próxima aos lábios.
A dela... falhou.
Estava tão perto de um homem tão atraente quanto perigoso.
Continua...